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Atos antidemocráticos: Liberdade por um fio de cabelo. Ou já estamos careca?

(*) Ricardo Dias Muniz

Muito já se matou, escravizou, prendeu e corrompeu em nome da sagrada democracia. É preciso a qualquer custo defender a dita. Quem não a defenderia? Afinal, “o governo do povo, pelo povo e para o povo”, como disse Abraham Lincoln, não pode ter inimigos, correto? É de cair o cabelo da cabeça, saber que alguém agiu de forma antidemocrática. Mas o que é um ato antidemocrático?

Primeiro: ato contra a liberdade. A democracia e liberdade são ideias irmãs. Se o povo quer se governar, primeiro precisa ser livre. No ocidente a ideia foi construída desde 700 a.C com a Revolução Hoplítica. Os hoplitas venceram os oligarcas que eram nobres da época, conquistando a liberdade. A partir daí, os vencedores passaram a compartilhar o governo entre si, dando origem a democracia. Por isso a vontade é de arrancar o escalpo de quem queira escravizar novamente o povo.

Segundo: ato contra a liberdade de expressão. A Ágora, outra invenção grega, era um lugar como uma praça pública, onde todos podiam falar livremente. Foi fundamental para a construção da democracia, pois a liberdade de criticar o governo que fundamentava, legitimava e controlava o próprio governo, ao formar a opinião pública. Sem a Ágora, certamente não existiria a democracia. Calar cidadãos livres é como raspar as mechas da trança da liberdade.

Terceiro: ato de violar domicílio. No século XI, os ingleses com esforço sangrento conquistaram o direito de não terem suas casas invadidas pelo Rei João Sem Terra , aliás toda conquista que acabou limitando um governo libertando o povo, foi sempre obtida com suor e sangue. A casa do cidadão desde esse evento foi considerada seu castelo, dessa forma, apenas motivos graves que justifica a violação desse sagrado direito, como: para salvar alguém, flagrantes de crimes e ordem judicial. É uma sacanagem cabeluda, a violação de casas injustamente.

Preste atenção nisso. Dissonância cognitiva é quando alguém faz afirmação de algo, que representa exatamente o oposto. Exemplo: o sujeito afirma lutar pela democracia, mas na realidade manda prender qualquer adversário político. Bem se sabe que, lutar pela democracia é exigir que cada indivíduo tenha voz, inclusive e principalmente as vozes inconvenientes. O uso da dissonância cognitiva é muito útil para manipulação da massa e criação de narrativas, fazendo algo ruim parecer ser bom. Prejudicando de morte a verdade, sorrateiramente como a invasão de uma calvície.

Outro mecanismo muito usado para manipular a opinião do povo é o “duplo padrão”. Veja, quando os atos de um lado são permitidos, já o outro são criminalizados, censurados, limitados e xingados; não existe troca de ideias, que é o princípio ativo na democracia. Não existe liberdade quando apenas um lado do debate é permitido. Achar justiça em tratamentos desiguais, é como elogiar os cabelos de um careca.

Bem disse Thomas Jefferson, “o preço da liberdade é a eterna vigilância”. A democracia moderna dependerá de indivíduos autônomos na busca da verdade. Atos autoritários de poucos pode colocar em risco uma tradição milenar de construção da liberdade na nossa sociedade. O governo de todos só é possível com pessoas fortalecidas, com informação, conhecimento e pluralidade de ideias; não com a livre obrigação de aceitar o discurso único. Nem todos estão carecas, mas sabem algo tão básico.

(*) Ricardo Dias Muniz

Especialista em Gestão Estratégica, Engenheiro de Produção, estuda Direito e Ciências Políticas. Contato: munizricardodias@gmail.com.

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