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Coleta de esgoto ainda é um problema na maior cidade do país

Por Samara Florêncio


   Em São Paulo a falta de saneamento básico é um problema que afeta 2 milhões de paulistanos, castigados pela pandemia e pelas fortes chuvas
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   As áreas de várzeas, como Tietê, Pinheiros, Billings e Guarapiranga representam 55% de falta de saneamento na cidade, locais onde estão localizadas a maioria das comunidades de São Paulo. A ausência de água nas periferias tem um papel crucial na proliferação do novo coronavírus, problemática apontada pelo médico sanitarista Gonzalo Vecina, "Essa doença exige lavar as mãos com água e sabão, e na periferia não tem água, os suprimentos são instáveis, não é todo dia, não é toda hora como na casa da classe média alta. Falta água para lavar as mãos, para fazer comida, para lavar roupa, eles não têm estoque por serem pobres."

   A fala do sanitarista vai de encontro ao estudo feito por um grupo de pesquisadores independentes, publicado no site do instituto Trata Brasil, onde mostra que o país ainda tem 35 milhões de pessoas sem acesso à água potável, dessa forma, não possuem este recurso básico para a higienização correta recomendada pelas autoridades médicas. Ainda 100 milhões de pessoas vivem em localidades sem acesso à coleta dos esgotos, o que significa que estão vulneráveis em relação a outras doenças (diarreia, leptospirose, dengue, malária, esquistossomose e outras), comprometendo o sistema imunológico e o desenvolvimento de crianças.

   Só em São Paulo 2 milhões de pessoas estão sob estas condições, além de serem castigadas com as fortes chuvas que vem afetando diversas regiões como Vila Seabra, na Zona Leste da capital, que na última sexta-feira (26), teve as ruas em torno do Parque Biacica alagadas devido o desassoreamento do rio Tietê que não foi feito, bem como a limpeza do córrego Lajeado. 



   A mesma situação prejudica moradores do Jardim Eliza Maria, Zona Norte da cidade, que por residirem à beira de córregos têm sofrido com enchentes e doenças, "As condições que eles vivem são horríveis, o acesso à saúde é precário, por isso eles adoecem muito, além de não terem saneamento e o esgoto cair direto no córrego a céu aberto", explicou Cauan Alves, morador do bairro. O fotógrafo ainda ressaltou que os moradores da área construíram uma barreira improvisada, para evitar que as cheias invadam suas casas.

   Segundo a vereadora Janaína Lima, da Câmara Municipal de São Paulo, existem iniciativas em relação à projetos de saneamento básico em São Paulo, além do Programa de Urbanização das Favelas, ela cita o Programa Córrego Limpo, "O projeto é uma parceria entre a SABESP e a Prefeitura, tem como ação central a regularização de fontes de poluição por lançamentos clandestinos de esgotos nas galerias de águas pluviais ou diretamente nos cursos d’água não canalizada", salientou a parlamentar que ainda destacou a necessidade de mais investimentos no saneamento do país, "Infelizmente, o Brasil tem indicadores de água e esgoto piores que os de 105 países. Para mudar essa situação, o país precisaria investir cerca de R$ 20 bilhões por ano – montante que nunca foi alcançado. Em 2016, por exemplo, foram investidos R$ 11,33 bilhões em saneamento, ou seja, 0,18% do PIB nacional”. 


   Em sessão remota na quarta-feira (24), o Senado aprovou o novo marco legal do saneamento básico (PL 4.162/2019). O projeto é de iniciativa do governo, foi aprovado em dezembro do ano passado na Câmara dos Deputados e agora segue para a sanção presidencial. De acordo com Janaina, a eficiência do Marco regulatório vai depender da responsabilidade e da atuação dos atores envolvidos, tanto do poder público como do setor privado, sabendo a importância desse marco para o desenvolvimento de São Paulo.